terça-feira, 26 de novembro de 2013

João Lixo

João morreu deitado, enfermo. 
Ali mesmo, numa dessas esquinas perdidas.
João morreu numa dessas noites frias e tristes.
Não sabe-se ao certo, mas como tantos outros Joões,
talvez tenha morrido de fome, sede, dor; 
tristeza, angustia, decepção ou desesperança. 
João morreu sem nunca ter vivido. 
Morreu sem nem ao menos saber o seu nome. 
Sabia-se que era João. 
João Mendigo. 
João Catador de Latinha. 
João Nojento. 
João Ninguém. 
Era tantos Joões e ao mesmo tempo, nenhum.  
Ficou ali, ao relento. 
Nas profundezas do esquecimento sem fim. 
Morreu sem ter cumprido metas ou realizado sonhos. 
Morreu. 
E por ele não fez-se choro, lamentações e nem sequer velório. 
Ficou lá; esquecido. 
Sem ser visto. 
Misturado ao lixo. 
João Lixo. 
Até que finalmente alguém passou. 
Avistou-o.
Sentiu o mau cheiro. 
Saiu em disparada.
E chutou-lhe a cabeça.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Há mar

Há mar sem limites.
Há mar sem tamanho.
Há mar,
sem dúvidas,
sem fim.
Há mar sem barreiras.
Há mar sem medidas.
Há mar sem distâncias.
Há mar, por ai,
sem fronteiras...